domingo, 10 de dezembro de 2017

Retórica

No século XXI, a literacia da exposição oral deveria ser ensi­nada em todas as escolas. Com efeito, antes da era dos livros, era considerada uma parte verdadeiramente crucial da educação, embora sob um nome antiquado: retórica. Hoje em dia, na era em que todos estão ligados, deveríamos ressuscitar essa arte nobre e transformá-la no quarto R da educação: leituRa, escRita, aRitmé­tica e Retórica.

O significado nuclear da palavra é, apenas, «a arte de falar com eficácia» e, fundamentalmente, esse é o objetivo deste livro, reformular a retórica para os tempos modernos, proporcionar trampolins úteis para uma nova literacia da apresentação oral.

Anderson, Chris (2016). TED talks – O guia oficial TED para falar em público. Lisboa: Temas e Debates – Círculo de Leitores, p. XV.

O grande alcance da razão

Aquilo que a razão tem de especial é ser capaz de chegar a uma conclusão com um nível de certeza diferente do de qualquer outro instrumento mental. Numa discussão lógica, desde que os pressupostos de partida sejam verdadeiros, então as conclusões argumentadas validamente também devem ser verdadeiras e pode saber-se que são verdadeiras. Se conseguir levar, convincentemente, alguém através de uma discussão lógica, a ideia que colocou na mente dessa pessoa instalar-se-á nela e nunca a deixará.
Mas para que o processo funcione, tem de ser fragmentado em pequenos passos e cada um deles tem de ser totalmente convincente. O ponto de partida de cada passo é algo que o público pode ver claramente que é verdadeiro ou algo que, num momento anterior da palestra, se provou ser verdadeiro. Assim, o mecanismo nuclear, neste caso, é se-então: se X é verdadeiro, então, é claro, segue-se Y (porque todo o X implica um Y).

Anderson, Chris (2016). TED talks – O guia oficial TED para falar em público. Lisboa: Temas e Debates – Círculo de Leitores, p. 97.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Conferência de Werner Reich, na ESAS

Decorreu ontem, 25/10/2017, na Escola Secundária de Alberto Sampaio, a conferência de Werner Reich, sobrevivente de Auschwitz. Os meus 68% de fluência em inglês não me permitiram compreender tudo o que ele disse, mas os diapositivos que foi mostrando enquanto falava ajudaram a perceber as suas ideias.
A conferência começou com um diapositivo onde se lia «What happens when we don't take care of each other». À medida que ia referindo os horrores do holocausto, Werner Reich acrescentava «The good people did nothing». Mais adiante, também fez referência a «The good people who did something», como o nosso Aristides de Sousa Mendes. Quando perguntaram aos que fizeram algo porque o fizeram, a resposta foi sempre a mesma: «It is the right thing to do». E quase a terminar, interpelou-nos: «What is the right thing to do?». «Then do it». E concluiu: «Now you know what happens when we don't take care of each other», «Please, keep your promise! You may be saving a life.»
Uma conferência a não esquecer e a fazer pensar!
Os vídeos da conferência podem ser vistos aqui:

Vídeo 1


Vídeo 2


Vídeo 3

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Estrutura do ensaio filosófico

Um bom ensaio de filosofia tem, geralmente, a seguinte estrutura geral:

Primeira parte: introdução

1. Breve apresentação do problema que será tratado no ensaio. Geralmente, apenas duas ou três linhas. Por exemplo, «Neste ensaio discute-se o problema de saber em que condições uma vida humana poderá ter sentido.»
2. Explicitação da teoria defendida. Geralmente, apenas uma linha. Por exemplo, «A posição defendida neste ensaio é que uma vida humana ativamente entregue a finalidades com valor é uma vida com sentido.»

Segunda parte: desenvolvimento

3. Apresentação mais desenvolvida e articulada dos aspetos fundamentais do problema que será tratado no ensaio. É nesta parte que se fazem distinções concetuais e se esclarecem alguns conceitos centrais importantes, se houver necessidade disso.
4.   Apresentação das posições em confronto.
5. Apresentação pormenorizada da posição que se defende e dos argumentos a seu favor. Resposta às objeções mais prováveis aos argumentos apresentados.
6.  Apresentação dos argumentos mais importantes a favor da posição contrária e respetiva refutação. Resposta a algumas das objeções mais prováveis às refutações apresentadas.

Terceira parte: conclusão
7.  Conclusão: breve recapitulação do problema tratado e da posição defendida.

Almeida, A., Teixeira, C. & Murcho, D. (2013). 50 Lições de Filosofia 10.º ano – Caderno do Estudante. Lisboa: Didáctica Editora, pp. 40-41.

O texto argumentativo – o que é, como se faz

A escrita de um texto (redação) implica o conhecimento de várias técnicas, independentemente do género textual a produzir. Há um conjunto de modelos textuais que utilizamos de acordo com as nossas necessidades comunicativas, pelo que a sua tipologia varia de acordo com o objetivo pretendido.
Basicamente escrevemos um texto para expor conhecimento, para defender uma ideia ou formar a opinião do leitor. Deste modo, a progressão textual (organização de ideias) exige uma articulação e estruturação coerentes.

Texto expositivo-argumentativo
1. Definição – tipo de texto que visa convencer/persuadir o leitor/ouvinte sobre a nossa “verdade” face a um assunto. Neste sentido, assenta numa tese cuja veracidade se demonstra e prova através de um conjunto de argumentos, que sustentam o ponto de vista apresentado, devidamente ilustrados com exemplos plausíveis, oriundos das diferentes áreas do saber. Secundariamente pode rebater contra-argumentos.
A reflexão apresenta um “olhar” muito particular e pessoal de alguém sobre um determinado assunto/problema.

2. Estrutura
- Introdução – parágrafo inicial, no qual se apresenta a proposição (tese, opinião…). Deve ser apresentada de forma assertiva, clara e bem definida, sem referir quaisquer provas ou razões. Pode recorrer-se a uma frase de efeito (A verdadeira função do homem é viver, não existir - Jack London); excerto de autor (Ser descontente é ser homem); referência biográfica /e ou histórica (História como termo também pode verificar toda a informação do passado); provérbio (Quem porfia sempre alcança); definição de conceitos (O Homem é um ser social);
- Desenvolvimento – contém: 
a) análise/explicitação da tese;
b) apresentação dos argumentos que provam a verdade da tese (factos, exemplos, citações, dados estatísticos, entre outros);

- Conclusão - parágrafo final, no qual se apresenta uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento; retoma a afirmação inicial.

Nota: Para uma correta argumentação, é necessária a escolha e ordenação dos argumentos que suportam a demonstração da tese; devem ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e devidamente articulada.


Matos, A. & Braga, C. (2017). Preparar o exame nacional de Português – 12.º ano. Braga: Escola Secundária de Alberto Sampaio, p. 104.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

PREPARAR O EXAME NACIONAL DE PORTUGUÊS - 12.º ANO

Preparar o exame nacional de Português – 12.º ano
de

António Alberto Matos e Corina Pinheiro Braga
Braga: Escola Secundária de Alberto Sampaio, 2017


Um grupo de docentes do Departamento de Línguas Clássicas e Românicas da Escola Secundária de Alberto Sampaio [ESAS] publicou um livro prático, auxiliar e sintético destinado a todos aqueles que sentem mais dificuldades na interpretação, na expressão escrita ou na gramática, no momento em que se preparam para enfrentar uma prova final de Português.
Na perspetiva dos seus autores, apresenta alguns traços inovadores.
Assim, procede a um levantamento das questões mais frequentes de resposta restrita, encontradas nos exames nacionais. Orienta, de uma forma prática, na redação da resposta a questões de interpretação. Identifica, além disso, alguns dos principais erros cometidos pelos examinandos.
No referente à gramática, são elencadas as questões abordadas nos exames nacionais de Português – 12.º ano, desde 2007 a 2016, organizando-as por categorias gramaticais, facilitando o seu estudo e apreensão. Aconselha, assim, os discentes no estudo da gramática, alertando-os para as questões mais frequentes, porque consideradas essenciais no domínio da língua, e aquelas em que revelam maior dificuldade.
À semelhança de outros manuais do mesmo género, expõe algumas sínteses de autores e de todas as obras literárias que constam dos programas em vigor.
Por fim, fornece aos alunos orientações muito práticas para a redação do texto expositivo-argumentativo.
Os autores desejam que os seus destinatários se apropriem dos modelos propostos, neste livro, e revelem a capacidade de os superar com o seu espírito criativo.
Esta publicação pode ser adquirida na reprografia da ESAS por qualquer aluno (esteja ou não matriculado no nosso Agrupamento), a um preço simbólico de 2,50 €.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Ética e moral

Em termos etimológicos, a distinção entre ética e moral é negligenciável, na medida em que remete para raízes diferentes mas com significados aproximados. A Ética remete para o grego ethos, que tem o sentido de «carácter», mas também «modo de ser» ou «costume». A moral deriva do latim mos, mores no plural, que traduz sobretudo a ideia de «costume», mas pode também acabar por ter as mesmas acepções que ethos. No uso que estas palavras adquiriram nas línguas modernas e também na maior parte dos pensadores a moral acaba por ser geralmente do domínio do senso comum, i.e., a moral (costu­mes, modos de ser, carácter) geralmente aceite, enquanto a Ética — aqui com maiúscula — corresponde à reflexão filosófica sobre a moral nesse sentido. Por isso o mais usual é fazer equivaler Ética a Filosofia Moral. A Ética ou Filosofia Moral reflecte sobre o domínio da moral do senso comum.
[…]
O domínio da moral comum é uma instituição informal e empiricamente descritível. As sociedades, pelo menos as sociedades humanas, observam conjuntos de regras sobre o que é bom ou mau fazer e sobre o tipo de carácter que é bom ou mau ter. Numa primeira acepção podemos entender o conteúdo dessa «bondade» ou «maldade» como indicando apenas o que é socialmente condenável e o que é alvo de reconhecimento social positivo. No entanto, esse é apenas o ponto de partida da Ética ou Filosofia Moral. Ela parte da instituição da moral do senso comum já existente. Mas procura ir para além da simples aceitação acrítica dessa moralidade e, pelo contrário, encetar um processo de reflexão que confronta a moral do senso comum com as suas contradições e insuficiências.
Não raras vezes, a moral comum faz juízos inconsistentes ou contraditórios, usa conceitos ambíguos e baseia-se em princípios insuficientemente argumentados. A Ética deve assinalar estes problemas, assim como fornecer alternativas intelectual­mente mais robustas.

Rosas, J. C. (2016). Conceitos que pensam a ação. In Maria do Céu Patrão Neves (Coord.). Ética: dos fundamentos às práticas. Lisboa: Edições 70, pp. 83-85.