Os filósofos chamam
teoria da ação, ou filosofia da ação,
a uma área da filosofia em que se procura analisar (i) em que consiste uma ação,
i. e., o que é que faz com que eventos, acontecimentos no mundo, constituam ações
de agentes, e (ii) em que consiste ‘explicar’ uma ação, nomeadamente através de
razões fornecidas pelo agente. Parte do interesse desta discussão é vir a
saber o que constitui atividade e eventualmente responsabilidade de agentes, o
que é e o que não é deliberado nos comportamentos de humanos. Imaginemos uma
situação concreta: uma pessoa A tem um revólver na mão, acontece um disparo,
acontece algo à pessoa B que está uns metros à sua frente, ela cai morta. Pelo
menos duas coisas diferentes podem aparentemente ter sido o caso: A pressionou
o gatilho com a intenção de matar B, e B morre de facto ou deu-se o acaso
infeliz de um movimento incontrolado do dedo de A fazer o gatilho disparar,
provocando a morte de B. Poderá a diferença entre as duas situações dever-se a
algo que se passa (ou não se passa) no interior do agente, e que terá a ver com
entidades mentais como intenções e razões? […]
Vejamos um novo exemplo. Pense-se na seguinte diferença:
vemos um vaso de flores que cai de um segundo andar em cima da cabeça de alguém
que passa na rua. Uma opção: o vento fez com que o vaso caísse. Outra opção:
alguém contratado para matar a pessoa que passa na rua empurrou certeiramente o
vaso. Não diríamos que se trata
de uma ação em ambos os casos, mesmo que um registo filmado do vaso que cai e
mata o transeunte nos mostrasse exatamente ‘a mesma sequência de eventos num e
noutro caso’. O que é que faz com que num caso falemos de ação mas não no
outro?
Miguens, S. (2004). Racionalidade. Porto: Campo das Letras,
pp. 93-95.
Link para o texto com questões: http://pt.scribd.com/doc/181358042/Filosofia-da-acao
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