quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A questão dos critérios valorativos

O que são os valores


Os valores refletem o que as pessoas consideram importante e significativo na sua vida. Damos importância à honestidade, à justiça, à democracia, à liberdade, à amizade ou ao conhecimento, por exemplo. Todas estas coisas têm valor para nós e queremos que elas desempenhem um papel central na nossa vida. Uma pessoa que dê valor à honestidade conduz-se com respeito pela verdade, cumpre com a palavra dada, não pratica a injustiça, etc. Um deputado que valorize a democracia não votará a favor de quaisquer propostas de lei que ponham em causa a realização de eleições livres ou os direitos das oposições. Alguém que valorize o conhecimento procurará estar informado sobre os progressos científicos, dedicará algum do seu tempo a aprofundar a sua cultura literária, etc. Num sentido muito geral, os valores refletem as nossas preferências e contribuem para caracterizar o tipo de pessoa que somos.
Os valores oferecem-nos critérios de ação. Permitem avaliar pessoas e situações, e ajudam-nos a classificar as coisas como boas ou más, desejáveis ou indesejáveis, benéficas ou prejudiciais. Em consequência, orientam as nossas decisões. Quando escolhemos a verdade em vez da mentira, estamos a usar a honestidade como critério para decidir o que fazer. Quando um pintor prefere certas cores em vez de outras, está a decidir em função de valores estéticos como a beleza e a harmonia. Honestidade e beleza são coisas a que damos importância; queremos que estejam presentes na nossa vida e que guiem as nossas decisões. Os valores dão-nos uma linha de rumo.
Além de guiarem as nossas decisões, os valores refletem-se nos juízos que fazemos sobre os mais variados aspetos da vida, desde as qualidades morais das pessoas com quem lidamos (o Luís é injusto, a Joana é corajosa), até á política do partido do governo (é preciso evitar que ganhe as próximas eleições, as medidas tomadas reforçam a justiça social, etc.). Grande parte da nossa vida consciente é passada a fazer juízos de valor sobre as mais variadas instituições e acontecimentos.
Apesar disso, os nossos juízos de valor nem sempre coincidem com os juízos de valor das outras pessoas. Diferentes pessoas podem ajuizar diferentemente sobre as mesmas coisas. É frequente haver desacordo sobre o valor estético de uma peça musical, de um quadro ou de uma obra literária. E também há desacordo sobre como avaliar moralmente o aborto ou a eutanásia. Estes desacordos distinguem as pessoas umas das outras mas também as diferentes sociedades humanas.

Atividade
Os valores são critérios de ação que usamos para avaliar situações e orientar os comportamentos (os nossos e os dos outros). Explique esta ideia.

Ruas, P. (2013). Diálogos de filosofia, vol.1. Lisboa: Texto, p. 85.