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O domínio da moral comum é
uma instituição informal e empiricamente descritível. As sociedades, pelo menos
as sociedades humanas, observam conjuntos de regras sobre o que é bom ou mau
fazer e sobre o tipo de carácter que é bom ou mau ter. Numa primeira acepção
podemos entender o conteúdo dessa «bondade» ou «maldade» como indicando apenas
o que é socialmente condenável e o que é alvo de reconhecimento social
positivo. No entanto, esse é apenas o ponto de partida da Ética ou Filosofia
Moral. Ela parte da instituição da moral do senso comum já existente. Mas procura
ir para além da simples aceitação acrítica dessa moralidade e, pelo contrário,
encetar um processo de reflexão que confronta a moral do senso comum com as
suas contradições e insuficiências.
Não raras vezes, a moral
comum faz juízos inconsistentes ou contraditórios, usa conceitos ambíguos e
baseia-se em princípios insuficientemente argumentados. A Ética deve assinalar
estes problemas, assim como fornecer alternativas intelectualmente mais
robustas.
Rosas, J. C. (2016).
Conceitos que pensam a ação. In Maria
do Céu Patrão Neves (Coord.). Ética: dos
fundamentos às práticas. Lisboa: Edições 70, pp. 83-85.